Pensamentos soltos de alguém de férias...

Bem vindos aqueles com paciência..



Faço textos como quem chora,

de desalento, de desencanto

E que feche meu blog se por agora

Não tens motivo algum de pranto

quarta-feira, julho 7

Comédia e culto ao diferente. Uma arma contra o preconceito.

Muito além da pequena definição wikipediana, o gesto de fazer rir é uma nobre arte e ao mesmo tempo tão simples.

Não há mecanismo neubiológico que explique o porquê do sorriso. "Achamos graça" de algo e isso estimula uma reação química neurológica com liberação de endorfinas e neurotransmissores desencadeando uma resposta única e bela. Mostrar os dentes.
Em diversas culturas, deixar seus dentes expostos só quer transmitir uma mensagem (bem clara): eu tenho pedaços grandes de armas afiadas, mistura de calcio e fosforo, que podem te machucar. Eu tenho o poder de te devorar.

Aqui começam as contradições: só podemos rir do que não nos afeta, daquilo que não é uma ameaça. Quem ri fugindo de um cachorro furioso está morto.

O que provoca as maiores gargalhadas em teatros lotados é a existência do fator mais importante da comédia: o diferente. Sem ele, não há climax na história. Tudo é só o cotidiano.
A surpresa tem que existir...

Só uma coisa falaram na escola me deixa pensativa... Aprendi que o pré-conceito tem seu fundamento no medo e na ignorância do diferente. Me fizeram acreditar que o comunismo não dominou o mundo por ser sem graça..

Nem quero entrar nos méritos do humor político, isso é assunto para o Teco e ele está de folga hoje..

Mas, não tem como não ficar triste com os caminhos seguidos pela nossa comédia, nada divina.
Já temos uma história tão bonita... Podemos até usar Chico como exemplo, rindo inteligentemente de seus carrascos...

Não quero me demorar em textos longos e com lagrimas ocultas. Doí saber que temos tantas armas para lutar contrar o preconceito, as injustiças e tudo mais que possa estar de cabeça pra baixo nesse mundo... 32 dentes meus + 32 seus... já são o suficiente para sorrir.

E não usamos, não damos valor a nada disso. Por medo talvez. Quem sabe?

Quando sorrimos para alguém é como falar: Parabens! Se sinta feliz porque tens a capacidade de fazer com que meu organismo se entregue a sua piada e a você. Por uns segundos, o comediante tem toda a platéia nas suas mãos.
E quantas milhões de vezes por dia essa cena não se repete?

Mas, brasileiro não é preconceituoso. Por que ficar batendo nessa tecla? Por que defender as gordinhas, os negros, os pobres se rir dos argentinos é muito melhor..

Só queria entender o que a Sabrina Sato, a mulher arroto e todas essas Deusas da comédia brasileira fizeram de bom para tornar o mundo um lugar mais justo e engraçado de se viver...

quinta-feira, julho 1

Jose Saramago por mim

Queria começar a escrever algo bem simples, sobre alguma coisa que eu realmente gostasse.

E essa coisa de gosto é um pouco complicado. Seres humanos são muito idiotas quando dizem que pensam sozinhos. Que tem algum poder de decisão sobre o passa nas suas cabeças... Então, resolvi que não posso escolher quais temas surgem na minha cachola, mas posso dar valor àqueles que, de alguma certa forma, fazem minha frequência cardíaca aumentar.



Quando eu era pequena , há uns 10 cm atrás, o tema mais comentado na escola: blogs! Pergunto eu para um colega nerd: "Que é isso?" Resposta singela: "É tipo assim, um diário virtual, só que todo mundo pode ler..."



Tantos anos se passaram e essa ideia de escrever o que sinto e penso todo dia, rapidinho sem ter muito o que analisar, não saiu da cabeça. Talvez seja culpa de muitos pensamentos e pouca coragem. Bem, essa é a tentativa numero 1 de tentar mostrar algo de bom para qualquer um.



Falar sobre quem foi José de Sousa Saramago, nascido em 16 de Novembro de 1922, naquele fimzinho de Portugal, não é fácil.


Já imaginou como o mundo seria diferente sem você...


E se a tal da Teresa não quisesse um casamento arranjado com aquele Henrique franzino? Não seria Portocales...


Já pensou se Don Afonso Henriques, depois de tanta guerra, pedisse desculpas a Maomé? Ou se naquela noite em que chegou tivesse tomado uns goles de vinho a mais e perdido a famosa batalha de Santarém...


E agora José? Nasceste banhado de sangue, da tua mãe e do teu povo. Como não ser também um guerreiro? Menino pequeno e pobre. Com verdades e sonhos que seu país não pode suportar.



Só falam de seu Nobel. Seus títulos e coisas afim. Ninguém fala de você. Todos ensaiando bem sua própria cegueira. Como se o homem fosse o que escreve... "Dentro de nós há uma coisa sem nome, essa coisa é o que somos."


"Mesmo que a rota da minha vida me conduza a uma estrela, nem por isso fui dispensado de percorrer os caminhos do mundo..."


Só sei que sem mim, você nada seria. Pois, se teu objectivo é mudar e melhorar a vida de quem te gosta, podes seguir o teu caminho até as estrelas em paz, porque comigo já cumpriste tua missão.


Sei que o objectivo de meu pequeno texto não será atingido. Não há como colocar em palavras todas as sinapses que meus neurônios degustaram por causa de suas frases. Nem de toda tristeza e decepção que me deste por um processo de osmose literária.


Se dependesse de mim, não queria saber de verdades. Por dentro, o ser humano só me atrai pelas carnes, ver seus micro pedaços funcionando como uma Criação Divina, calcular o tamanho do seu coração dependendo da quantidade de fibras musculares. Não pude.



"Gostar é provavelmente a melhor maneira de ter. E ter, a pior maneira de gostar."



Foi assim: te vi em palavras e gostei. Te transportei para dentro mim. Tive.

Depois de ter, vi o que aconteceu. Não gostei. Era tarde...você agora sou eu.


Mudei e vi o ser como humano, limitado e nu. Tive seus olhos por um instante, e senti a dor pesada de viver como animal. Cada palavra com mais de uma tonelada.


Senti o coração como um músculo, sim claro, eu posso toca-lo dessa forma. Mas, com você em mim...agora cada célula tem seu reservatório de sentimentos, como um espaçinho que a mitocondria deixou para a alma.



"Se tens um coração de ferro, bom proveito. O meu, fizeram-no de carne, e sangra todo dia."



Não tenho como ser mais clara. Resumir sentimentos é pobreza, mas é didático. Então, Saramago, o silêncio não é o melhor aplauso nesse caso. Vou escrever, escrever e escrever...por que algum dia pode ser que alguém leia e me tenha.